quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Retrocesso

O poema nunca estará feito
enquanto não se findar o que sinto,
o objeto transcende o sujeito,
o sangue colore o vinho tinto.

Palavras se escrevem
com meio, início e final,
mas mágoa é sinal:
rios lentos não cedem.

Quisera encerrar a voz que me envolve
como se mata um poema, golpe por golpe,
mas a mágoa é eterna, cadência infinita
e a dor é pulsante, precede a própria vida.

Não quero parecer, contudo,
um toador do revés,
quero, ao invés, parecer com tudo,
abrir meus olhos,sonhar através.

Mas, desejo, terás de esperar.
Quanto maior a esperança,
mais a mágoa avança,
insiste em não acabar.

E, pra calar sua voz,
tenho um ponto final,
e esqueço que o fim
é apenas sinal.

Eric Schnaider

6 comentários:

Anônimo disse...

"Pontos finais... Eles semrpe perdem para as reticências." (Lucas de oliveira) rs

Bom poema, cara!
Abraço.

Giu Missel disse...

Gostei bastante Eric.
um ritmo mto bonito, os versos dançam e choram no poema.

Cris de Souza disse...

Boa cadência.
Sonoridade que me atrai.

Alexandre Spinelli Ferreira disse...

Cara... gostei muito... o ponto final é só um reinício, na maioria das vezes... ótimo!
Parabéns!

CADO - MAPA DOS MEUS DIAS disse...

cara... não lembro de já ter lido algo teu.
mas podes ter certeza que passarei a ler. achei realmente belo e sensível. tem uma levada interessante e um uso preciso das palavras. poema maduro com jeito de jovem. bom demais.

destaco:

Não quero parecer, contudo,
um toador do revés,
quero, ao invés, parecer com tudo,
abrir meus olhos,sonhar através.

Tati Tosta disse...

De palavra a palavra o som entre as linhas dançam.

Amei as Linhas Eric.

Abraços!