O marceneiro talha a forca e o berço,
O químico concebe o veneno e a cura,
O vigário que beatifica, desconjura.
E a mão que iça a lança, reza o terço
A sombra que traz o medo dá o abrigo.
No azul que cobre o céu cruza o fogo,
Do chão que brota o verme vem o trigo
E a mão que dá as cartas, finda o jogo
O mesmo Deus que perfilha, ignora.
A poesia que transcorre se desgasta
E a palma que se cerra, nos implora
A mão que dá o nó arquiteta o corte,
A que diz de amor, ergue a vergasta
E a que conta a vida, versa a morte
Jairo Alt
sábado, 11 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Esse texto se destaca dos outros; um poema bem construímo, alicerçado em antíteses, e de uma verdade tristemente incontestável. Bom trabalho.
Nossa perfeito esse poema! Parabéns!
Postar um comentário